quarta-feira, 11 de agosto de 2010
LADRÃO
= Alô? Quem tá falando?
= Aqui é o ladrão.
= Desculpe, a telefonista deve ter se enganado, eu não queria falar com o dono do banco. Tem algum funcionário aí?
= Não, os funcionário tá tudo refém.
= Há, eu entendo. Afinal, eles trabalham quatorze horas por dia, ganham um salário ridículo, vivem levando esporro, mas não pedem demissão porque não encontram outro emprego, né? Vida difícil... mas será que eu não poderia dar uma palavrinha com um deles?
= Impossível. Eles tá tudo amordaçado.
= Foi o que pensei. Gestão moderna, né? Se fizerem qualquer crítica, vão pro olho da rua. Não haverá, então, algum chefe por aí?
= Claro que não mermão. Quanta inguinorânça! O chefe tá na cadeia, que é o lugar mais seguro pra se comandar assalto!
= Bom... Sabe o que que é? Eu tenho uma conta...
= Tamo levando tudo, ô bacana. O saldo da tua conta é zero!
= Não, isso eu já sabia. Eu sou professor! O que eu queria mesmo era uma informação sobre juro.
= Companheiro, eu sou um ladrão pé-de-chinelo. Meu negócio é pequeno. Assalto a banco, vez ou outra um seqüestro. Pra saber de juro é melhor tu ligá pra Brasília.
= Sei, sei. O senhor ta na informalidade, né? Também, com o preço que tão cobrando por um voto hoje em dia... mas, será que não podia fazer um favor pra mim? É que eu atrasei o pagamento do cartão e queria saber quanto vou pagar de taxa.
= Tu tá pensando que eu tô brincando? Isso é um assalto!
= Longe de mim pensar que o senhor está de brincadeira! Que é um assalto eu sei perfeitamente; ninguém no mundo cobra os juros que cobram no Brasil. Mas queria saber o número preciso: seis por cento, sete por cento?
= Eu acho que tu não tá entendendo, ô mané. Sou assaltante. Trabalho na base da intimidação e da chantagem, saca?
= Ah, já tava esperando. Você vai querer vender um seguro de vida ou um título de capitalização, né?
= Não...já falei...eu sou... Peraí bacana... hoje eu tô bonzinho e vou quebrar o teu galho.
(um minuto depois)
= Alô? O sujeito aqui tá dizendo que é oito por cento.
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